2ND ITALIAN ARTICLE!

22-07-2024

Mudar a escola a partir dos ambientes

Como nos países mais avançados, na Itália, nos últimos anos, houve uma transformação dos ambientes de aprendizagem em busca de novos horizontes didático-pedagógicos, que visam superar a ideia de uma escola que se limita à transmissão de conhecimentos e tentar estabelecer um objetivo mais ambicioso: o de projetar o contexto de forma compartilhada para promover o bem-estar dos alunos, e criar as condições para uma aprendizagem moderna, criativa, inclusiva e eficaz.

A inovação dos espaços educativos vai além da mera substituição de salas de aula dispostas de forma clássica, é de facto uma revolução que abraça a tecnologia, o design e as metodologias de ensino, fundindo-as numa única sinergia. E investe todo o edifício da escola, incluindo os espaços exteriores e áreas de ligação, até à zona envolvente como parte integrante do ecossistema educativo.

Estes espaços pioneiros são lugares físicos e simbólicos, que contam outra ideia de escola (e sociedade), onde nos adaptamos às necessidades e desejos de quem lá vive todos os dias, facilitando a colaboração entre pares e facilitando uma aprendizagem personalizada. Ao mesmo tempo, educam sobre beleza, atuam como incubadoras de criatividade e conscientizam sobre o valor de uma nova consciência social e ambiental.

O Marco Polo de Florença e o ITE L. Einaudi de Bassano del Grappa realizaram nos últimos anos um caminho particular de renovação que partiu dos ambientes de aprendizagem e depois envolveu toda a comunidade escolar em todos os aspetos da ação educativa. Este processo e os seus resultados foram apresentados pelos diretores escolares Laura Biancato (ITE L.Enaudi) e Ludovico Arte (ITT Marco Polo) no dia 23 de março de 2023 no Workshop "Mudar a escola a partir dos ambientes" organizado por Erickson e ITT Marco Polo em Florença.

Como Erickson salientou, existem muitas boas práticas de construção de escolas em Itália que outras escolas podem dar a conhecer e, portanto, é tempo de iniciar um caminho de "turismo escolar" para conhecer e compreender estes exemplos e poder inspirar-se neles.

O PORQUÊ

O ponto de partida é, em qualquer caso, chegar a acordo sobre que tipo de escolas se quer criar, pode haver ideias diferentes até de escola, o importante é identificar uma tipologia precisa útil à comunidade escolar porque a partir desse ponto de partida chega-se a mudanças concretas nos espaços e mobiliário. Copiar ideias é importante e útil, mas precisa sempre de contextualizá-las para o seu ambiente e comunidade.

Muitas vezes, a ideia da escola é que as crianças têm de sofrer porque assim também terão dificuldades na vida para as quais têm de estar preparadas. Mas será este um bom ponto de partida? Onde está o espaço de expressão e liberdade? Não é também uma causa de abandono escolar?

Se também podemos criar um ambiente bonito, por que ficar com ambientes antigos e ultrapassados?

O COMO

Fazemos questão de partilhar a reflexão sobre a escola, com os grupos de trabalho que integram não só alunos e funcionários da escola, mas também pais e vários profissionais.

Quando falamos em renovação, muitas vezes pensamos em uma perseguição por inovações tecnológicas, e essa perseguição certamente nos dará uma sensação de inadequação porque as inovações são muito rápidas, não temos tempo para levar o quadro interativo que já temos para tablets e google classroom. Assim, se estes objetos (embora muito inovadores) não forem colocados num contexto claro e numa ideia precisa de escola, serão desperdiçados. Devemos, portanto, pensar em alargar o horizonte e pensar em inovações em colaboração com as pessoas que estão dentro da escola em questão, só assim conseguiremos construir de forma sinérgica.

Como ponto de partida, propomos um mapa do bem-estar dividido em quatro temas:

  • Partilha
  • Receção
  • Suporte
  • Meio Ambiente

Bem-estar. Dar o conceito de bem-estar como o objetivo de uma escola ainda é muitas vezes revolucionário, em qualquer caso, nós propomos isso de qualquer maneira, porque perseguir o bem-estar das pessoas que estão dentro de uma estrutura significa em si mesmo aprender que então gera desenvolvimentos positivos em qualquer comunidade.

Vamos nos fazer a pergunta: por que eu quero melhorar a escola? Ver pessoas felizes e porque até para estudar e trabalhar é necessário sentir-se bem, estando doente é difícil cumprir as suas obrigações.

Partilhar significa que todos, alunos e professores, podem participar na criação do ambiente em que trabalham/estudam, que podem refletir e expressar-se sobre os locais onde passam tanto tempo, masnão só. No ITT Marco Polo envolveram também outras figuras, 'externas' à escola, juntando as inteligências de alunos e professores com as de profissionais externos, incluindo arquitetos, cenógrafos, artistas de rua, psicólogos.

A partilha gera ideias, propostas, comparações. O ambiente de aprendizagem é um contentor onde se desenvolve o acolhimento de todos e todos são apoiados para lá estar.

Para termos uma visão holística, falamos de um ecossistema de aprendizagem e de espaços inovadores porque existe o sistematismo, ou seja, a integração entre espaços e atividades (entendida em sentido amplo, incluindo, por exemplo, também a formação de professores).

A outra palavra-chave é flexibilidade, porque não se usam espaços rígidos, mas espaços transformáveis. O uso desses espaços gera planejamento.

E, finalmente, a beleza, que é um ponto importante que não distrai mas ajuda a sentir prazer e conforto e faz com que as pessoas se sintam bem.

Falamos de ecossistema porque as escolhas são sistémicas porque apontam para a identidade e sentimento de pertença de uma escola, este último também é reforçado com objetos como camisolas ou outros objetos com o logótipo da escola. E alargar o horizonte, construir uma identidade de uma escola ajudará a atrair professores e alunos que escolhem especificamente essa escola pela forma como trabalham nela e como estão dentro.

Depois, vamos além da sala de aula (no abstrato e no concreto), quebramos a sala de aula que deixou de ser o ambiente exclusivo para a aprendizagem porque os espaços de aprendizagem se multiplicam, incluindo ambientes sem professores que podem se tornar espaços de aprendizagem. ITE L. Einaudi propõe

  • um "agrupamento" de salas de aula
  • Área de laboratório
  • Um corredor de línguas
  • conectados por espaços livres que chamamos de "centros de espaços livres" (corredores, outros espaços comunitários que tentamos usar de forma flexível, dando-lhes várias funções possíveis) e
  • uma biblioteca generalizada (livros espalhados pelas várias áreas, nem todos amontoados numa sala dedicada)
  • Nestes ambientes, o digital é "normal", não enfatizamos o uso de ferramentas e WiFi, mas incentivamos a usá-los para fins de aprendizagem
  • Muita vegetação, plantas, uma parede de líquenes que proporciona uma sensação de bem-estar e natureza.

A escola fica aberta para além do horário letivo, das 7h20 às 19h30, o que cria ainda mais uma aprendizagem informal. E, finalmente, duas questões cruciais que muitas vezes surgem quando falamos sobre a renovação de espaços.

Com que dinheiro? Ambas as escolas realizaram as suas obras de renovação com os recursos que lhes cabiam enquanto escolas. Gastar dinheiro é difícil, porque para fazer bem, é preciso ter uma ideia de escola, então no início é preciso criar o contexto em que todos os participantes se sintam incentivados e interessados em participar, se expressar, a partirdaí podemos definir a escola que gostaríamos e usar os recursos para fazê-lo passo a passo.

A mudança passa pelo desconforto, momentos de crise, discussões, discórdia. Precisamos "semear o vírus", mudar um ambiente para começar, que por si só trará outras mudanças com ele. Surpresa e contaminação são duas palavras-chave.

Tudo isso então tem uma utilidade social porque hospitalidade também significa contaminação de classes sociais, cada menino vem de histórias familiares muito diferentes, mas todos terão belos espaços para ficar durante o dia, onde podem crescer e trabalhar.

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A IAL Toscana, em conjunto com outros parceiros do projeto europeu denominado Learnitect Meeting of Innovative Learning Design and Inclusive Learning Spaces, trabalha para mapear e recolher boas práticas de construção e mobiliário escolar neste sentido.

Curadoria: Claudia Fabbrini, Alice Lepore, Gabriella Pusztai, IAL Toscana

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Riferimento progetto: O projeto LEARNITECT - Meeting of innovative learning design and Inclusive learning spaces foi cofinanciado pela Comissão Europeia ao abrigo do programa Erasmus+. Número da convenção de subvenção: 2023-1-HU01-KA210-SCH-000152699.

O líder do projeto é a Associação Húngara para a Educação Digital Húngara, e com os parceiros Learnitect kft (Hungria), Previform Lda (Portugal) IAL Toscana realiza as atividades do projeto, financiado pelo Programa Europeu Erasmus Plus.